A busca por humanidade nos faz reparar erros que cometemos. Assim é a história: sempre em busca de perdão, queremos

estar bem com a nossa consciência.

A parte da história onde os europeus escravizam os africanos, invadindo, saqueando e se apropriando das terras no

continente africano, é terrível, é desumano!

No Brasil, os negros ficaram 388 anos escravizados, para lucro dos europeus.

Sempre houve resistência, luta; nunca foi pacífica essa escravização, mas quem ousou desafiar o sistema escravocrata da

época foi punido com torturas, covardias e morte. Até hoje, em algumas fazendas e museus, temos os instrumentos de torturas.

Tivemos muitos ícones nessa luta. Zacimba Gaba, Francisco Jose (Dragão do mar), Dandara, Luiz Gama, mas, o

movimento negro escolheu para nos representar Zumbi dos Palmares. Também escolhemos 20 de novembro como data representativa.

Hoje tentamos atenuar a nossa consciência, pelo massacre dos escravizados para a transformação do Brasil. O continente

americano era um imenso jardim plantado e habitado pelos índios e foi transformado em grandes nações, com grandes prédios, sistemas de água encanada, esgoto, benfeitorias, navegação, arruamento, nos 521 anos de colonização

europeia. Por 388 anos, pessoas negras trabalharam de graça, dando a própria vida pela construção desse país. Não receberam FGTS, aviso prévio, aposentadoria, seguro saúde, nenhum tipo de benefício, apenas chibatadas que, quando não arrancavam partes de seus corpos, os deixavam marcados fisicamente, porque a alma há muito estava marcada.

As marcas da escravização negra no Brasil estão espalhadas pelas cidades, favelas, presídios lotados, SUS precário, escolas públicas falidas, transporte de massa precário, racismo. A população negra não tem mecanismos de defesa, não existem ferramentas capazes de se contrapor a opressão imposta a essas pessoas pelo Estado.

No momento, temos um band-aid colocado nessa grande fratura exposta: as cotas raciais!

Devemos caminhar para a inserção da população negra e periférica na sociedade. A manutenção desse modelo de exclusão

é cara, muito cara! Muitas vidas se perdem e o clima de tensão existente não paga os custos.

Devemos repensar sobre esse sistema de opressão e criar mecanismos de igualdade entre todos!

Valeu ZUMBI dos Palmares!

(Ricardo Rodrigues – Presidente da Comissão de Igualdade Racial da OAB Niterói)

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