O movimento negro tem em sua história trajetória de lutas e produções de saberes, tanto na resistência quanto na luta antirracista, desde a experiência dos quilombos e revoltas protagonizadas pelos negros no período colonial, até a denunciação da falsa democracia racial na contemporaneidade. O movimento negro se organiza de várias formas na luta antirracista, sua formação é complexa e engloba um conjunto de entidades, organizações e indivíduos que lutam contra o racismo e por melhores condições de vida para a população negra. Nessa trajetória, ficaram registradas experiências como a Imprensa negra e agremiações, entidades recreativas, assistencialistas, culturais e político-ideológicas.

No contexto da ditadura militar no Brasil, a partir de 1964, diante de forte repressão e cassação de direitos políticos, houve um declínio na luta contra a discriminação racial, assim como as demais demandas dos outros movimentos sociais. A discussão pública da questão racial foi praticamente banida.

A reorganização do movimento negro apenas ocorreu no final da década de 1970, no bojo da ascensão dos movimentos populares e sociais. Em 1978, com a fundação do Movimento Negro Unificado (MNU), tem-se a volta à cena política do país do movimento negro organizado. A primeira atividade dessa organização foi um ato público em repúdio à discriminação racial sofrida por quatro jovens no Clube de Regatas Tietê e em protesto à morte de Robson Silveira da Luz, trabalhador e pai de família negro, torturado até a morte no 44º Distrito de Guainases. O ato público foi realizado no dia 7 de julho de 1978, nas escadarias do Teatro Municipal de São Paulo.

O nascimento do MNU significou um marco na história do protesto negro do país porque, entre outros motivos, desenvolveu-se a proposta de unificar a luta de todos os grupos e organizações antirracistas em escala nacional. Assim, conhecer a história do movimento negro organizado no Brasil é fundamental para compreender os debates sobre igualdade, democracia e justiça.

(Comissão de Igualdade Racial OAB Niterói – Natalia Silva Borges - delegada)

Referências:

DOMINGUES, Petrônio. Movimento Negro Brasileiro: alguns apontamentos históricos. In: Revista Tempos. Volume: 12, Número: 23, Publicado: 2007

PEREIRA, Amilcar Araujo. O mundo negro: a constituição do movimento negro contemporâneo no Brasil (1970-1995). Tese de doutorado – Universidade Federal Fluminense, Instituto de ciências humanas e filosofia, Departamento de história, 2010